10 de fevereiro de 2015

Compra de navio polivalente pode adiar modernização de fragatas

A eventual aquisição do navio polivalente logístico (NPL) "Siroco" à França vai obrigar a um "reajustamento da modernização" das fragatas da classe Vasco da Gama e Bartolomeu Dias, disse à Lusa o porta-voz da Marinha.

Na semana passada, o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, adiantou no parlamento que a Marinha Portuguesa está a fazer "uma avaliação concreta e séria" sobre a compra deste NPL, que poderá custar cerca de 80 milhões de euros.

Questionado pela agência Lusa, o porta-voz da Armada, comandante Paulo Vicente, adiantou que o NPL francês, também desejado pelo Brasil, esteve aportado em Lisboa entre 01 e 03 de Fevereiro e foi visitado pelos chefes dos três ramos e pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA).

O porta-voz da Marinha referiu que esta é uma capacidade identificada como necessária desde 1996 e que o navio francês "não sendo novo, é relativamente novo" e permitiria "uma maior autonomia e independência" dos militares portugueses face a outros meios e outros países, além de uma "interacção" entre os ramos.

A eventual aquisição do "Siroco" para a Armada obrigará no entanto "ao reajustamento de outros programas", nomeadamente a modernização das fragatas da classe Vasco da Gama e Bartolomeu Dias, afirmou, sublinhando que essa decisão está colocada "a nível político [Ministério da Defesa]".

A renovação das fragatas é um dos programas previstos na nova Lei de Programação Militar, que está em discussão no parlamento.

Entre as principais funções do NPL estão a resposta a "situações de catástrofe e de calamidade, evacuar cidadãos ou prestar assistência em crises humanitárias", referiu o comandante Paulo Vicente.

Questionada pela Lusa, fonte oficial do Ministério da Defesa remeteu para as declarações de Aguiar-Branco da semana passada, afirmando que está a ser feita "uma ponderação a nível político e militar" relativamente à compra do "Siroco".

A mesma fonte adiantou que o tema já foi discutido em Conselho de Chefes [dos três ramos das Forças Armadas] e que "houve contactos iniciais" entre as Marinhas dos dois países, mas não existe "qualquer processo negocial".

Num artigo publicado em 2009 na Revista de Marinha, o NPL é descrito como "um navio para transporte de lanchas de desembarque", com "um grande convés de voo para operar vários tipos de helicópteros" e que pode transportar um batalhão de militares, além de "várias dezenas de viaturas de todos os tipos, incluindo carros de combate".

"Para além da sua capacidade para lançar um assalto anfíbio, o seu hospital dá apoio médico e cirúrgico, o que é da maior utilidade em situações de catástrofe natural, de ajuda humanitária e de evacuação. A sua capacidade de transporte permite levar socorro e evacuar populações. Estas capacidades e versatilidade sempre foram consideradas uma necessidade para Portugal, país arquipelágico onde no passado ocorreram, e podem continuar a ocorrer, fenómenos de origem tectónica e vulcânica", pode ler-se. (DN:M)

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