15 de novembro de 2015

Força Aérea Portuguesa quer fornecer aviões não tripulados em 2016


A Força Aérea Portuguesa (FAP) espera disponibilizar a partir do próximo ano aviões não tripulados para uso militar e civil, e dispor, dentro de dois anos, da primeira esquadra destes equipamentos para vigilância da costa marítima.

O projecto de investigação e desenvolvimento dos sistemas aéreos autónomos não tripulados teve início em 2009, na Academia da Força Aérea, em Sintra e, seis anos depois, a FAP diz estar “em condições” de iniciar a transferência desta tecnologia com vista à criação de dois tipos de veículo aéreo não tripulado (UAV na sigla em inglês).

O Director do Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação da Força Aérea (CIDIFA) disse à agência Lusa que um dos UAV (Classe II – peso máximo de 500 quilogramas à descolagem) será construído a “nível nacional” por consórcios e para uso exclusivo da FAP na vigilância marítima, enquanto o outro (Classe I – peso máximo de 25/30 quilogramas à descolagem) estará disponível para utilização por forças de segurança, outros ramos das Forças Armadas e entidades civis.

“O nosso objectivo relativamente ao Classe II é operacionalizar este tipo de sistema dentro de dois anos no contexto da Força Aérea. Relativamente ao Classe I, diria que (…) num ano estaremos em condições de disponibilizar (…) este tipo de tecnologia a outras entidades, nomeadamente a outros ramos das Forças Armadas, forças de segurança e outras entidades de carácter governamental e não-governamental”, afirmou o coronel José Morgado, durante uma sessão de voos no centro de testes na Base Aérea da Ota, Alenquer.

A FAP quer, “dentro de um horizonte temporal de dois anos”, ter a primeira esquadra de UAV para complementar a missão das aeronaves tripuladas, utilizadas na vigilância da costa portuguesa.

“Estes corredores são das zonas marítimas mais movimentadas do mundo. Passam aqui diariamente entre 350 a 400 navios e é fundamental que tenhamos meios consentâneos com as nossas capacidades económicas e financeiras de monitorizar intensamente, de uma forma muito persistente, esses corredores. A utilização destes sistemas não tripulados, em complemento das aeronaves tripuladas, será uma mais-valia fundamental nesse objectivo”, salientou o Director do CIDIFA.

Além da criação deste modelo, de Classe II, a FAP está a preparar a transferência de tecnologia de um UAV (Classe I) para disponibilizar, já a partir do próximo ano.

O coronel José Morgado contou que esta ideia surgiu de um desafio lançado pela EDP ao CIDIFA para o desenvolvimento de um UAV para monitorização de linhas eléctricas, trabalho que é actualmente feito com recurso a helicópteros, sendo estes voos “caros e perigosos”. Para 2016 já estão acertados com a EDP a realização de testes operacionais no terreno.

O Director do CIDIFA admitiu que este sistema poderá ser aplicado “a todo um manancial” de situações de “natureza militar e na área da segurança”, nomeadamente pela Marinha, Exército e GNR, ou por entidades civis para, por exemplo, monitorização agrícola ou de espécies animais protegidas.

Questionado sobre o facto de outros ramos das Forças Armadas e de segurança recorrerem a empresas privadas quando a FAP está preparada para fornecer estes equipamentos, o Director do CIDIFA escusou-se a comentar, mas garantiu que estes UAV, desenvolvidos pela FAP, serão “mais baratos do que comprados ao estrangeiro”. Segundo este responsável, uma hora de voo deste aparelho custa 50 cêntimos em termos de combustível.

Os UAV do CIDIFA têm cerca de 700 horas de voo e vão participar, ainda este mês, no exercício militar Zarco, que decorrerá na Madeira, estando previsto um voo entre o Porto Santo e as Ilhas Selvagens. (Observador)

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