23 de janeiro de 2016

"Bunker do Monsanto" - O comando do país em caso de ataque

Portugal está a ser atacado com armas químicas e biológicas. Há relatos de explosões na área de Benfica e os serviços de inteligência têm informações de que o primeiro-ministro - que assiste a um jogo entre o Benfica e o FC Porto, no estádio da Luz - é um dos alvos dos terroristas. No parque de Monsanto, o ‘pulmão’ de Lisboa, os militares da Força Aérea que estão de turno no centro de comando e controlo não podem sair dos dois bunkers. Juntam-se militares dos outros ramos das Forças Armadas e minutos depois chega ao heliporto descaracterizado um EH-101 com António Costa a abordo. É a partir dali, que Portugal será comandado durante algumas horas ou vários dias.

Isto não aconteceu, mas poderá um dia ser realidade e várias fontes, que preferiram não ser identificadas, garantem que o país está preparado. O alerta para o risco de armas químicas e biológicas no espaço europeu foi dado em Novembro pelo primeiro-ministro francês, Manuel Valls.

Em situação de crise, os dois bunkers de Monsanto têm como objectivo principal o controlo e comando militar. No entanto, se isso for solicitado à Força Aérea, poderão ser adaptados em tempo recorde para receber as mais altas figuras do Estado, como o primeiro-ministro e o Presidente da República - transformando-se assim no cérebro militar e político do país. A Força Aérea, porém, só fará o resgate e abrigará grandes individualidades se isso lhe for expressamente solicitado pelas autoridades a quem cabe fazer a segurança.

“Não há nenhum plano de contingência escrito que refira que a Força Aérea tem de fazer um transporte em caso de estado de emergência ou que existe um espaço apenas dedicado ao Presidente da República ou ao primeiro-ministro, mas os bunkers podem ser usados para dar essa resposta, claro. Há sempre a possibilidade de haver planos secundários de activação do espaço”, explicou fonte das Forças Armadas que pediu para não ser identificada.

Estas são as únicas instalações do país desenhadas para ter “um certo coeficiente de sobrevivência em ‘situações NBQ’ (Nuclear, Biológicas e Químicas”.

Contactada pelo SOL, a PSP - responsável pela segurança do primeiro-ministro e do Presidente da República - disse não poder revelar informações sobre este assunto: “Relativamente às questões que nos coloca [sobre a possível utilização dos bunkers para protecção de altas figuras do Estado], estamos certos de que compreenderá que as mesmas se referem a matéria de natureza reservada e, como tal, a PSP não irá pronunciar-se sobre o assunto”.

A hipótese também não foi referida oficialmente pela Força Aérea: “A Força Aérea confirma a existência de instalações militares desta natureza, as quais visam a utilização operacional”.

Autonomia para 30 dias sem contacto com o exterior

Se a lotação não for superior a 40 pessoas, os dois espaços subterrâneos têm autonomia para garantir a sobrevivência de quem lá estiver durante 30 dias, sem contacto com o mundo exterior.

Ao que o SOL apurou, os dois espaços têm sistemas de telecomunicações e de filtragem de ar. Além disso, existem geradores e mantimentos: “Comida enlatada é o que está previsto para dar resposta a qualquer momento. Mas perante uma situação planeada pode pensar-se em outras soluções”.

Caso a opção estratégica passe por colocar mais pessoas dentro dos dois espaços, a Força Aérea não consegue garantir que a autonomia seja tão prolongada.

Um bunker operacional e outro para dormir

Os actuais bunkers resultam do aproveitamento do antigo bunker do Monsanto, que tinha como principal objectivo o abrigo em caso de crise. Um dos espaços é o centro de comando e controlo: é lá que está a área de relato e controlo, ou seja, onde chega toda a informação do tráfego aéreo, civil e militar, e toda a informação dos sensores de defesa aérea. Existe também uma sala de situação onde estão os controladores e se tomam as decisões no que respeita ao emprego operacional dos meios. Algumas destas salas, ao que o SOL sabe, terão entre 200 a 300 metros quadrados,

O outro bunker - conhecido entre os militares como “o buraco” - é onde estão as estruturas de apoio, como por exemplo os quartos. Aqui as divisões têm uma dimensão bastante mais reduzida.

Os militares que trabalham nestas instalações estão proibidos de levar telemóveis, computadores ou tablets. “Há hipótese de estes dispositivos serem preparados para captar comunicações e emitir dados”, explica ao SOL uma fonte conhecedora dos protocolos, adiantando: “O que se passa ali é o definido no padrão NATO”.

Portas só abrem com sensores biométricos e cartões

As instalações são discretas e nem o heliporto é identificável por vista aérea. Na verdade aquilo a que se chama heliporto secundário é um espaço amplo onde podem aterrar helicópteros como o EH-101 - modelo que transportou o Papa Bento XVI na visita oficial a Portugal e que é usado para busca e salvamento. Apesar de não ser comum isso acontecer, o SOL sabe que por várias vezes houve aparelhos a pousar naquele local.

Além disso, para se entrar nos bunkers as medidas de segurança são muito rigorosas. Além do controlo humano, há diversos tipos de sensores, entre os quais os biométricos, câmaras e ainda portas que só abrem quando tudo isto é conjugado com um cartão de acesso. Estas medidas existem não só à entrada dos bunkers, como nas ligações entre a área operacional e a de apoio.

Até hoje, as portas dos bunkers de Lisboa nunca tiveram de se fechar durante muito tempo ao exterior, a não ser em simulações. (Sol)

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