16 de setembro de 2016

Carros de combate inauguraram nova era nos teatros de guerra há 100 anos

Os carros de combate, que se transformaram num dos mais poderosos sistemas de armas ao serviço dos Exércitos de todo o mundo, foram empregues pela primeira vez em teatros de guerra há 100 anos, na batalha do Somme.

O Mark I, designado pelos britânicos como "tanque" (de água) para evitar a espionagem inimiga durante a sua construção, foi enviado para França a fim de garantir a proteção dos soldados que procuravam romper as linhas alemãs junto ao rio Somme - apesar dos enormes problemas técnicos que tornaram essa participação num fracasso militar.

O volume e intensidade do fogo das tropas alemãs provocou tantas vítimas entre a infantaria aliada que Londres recorreu à tecnologia - mesmo não testada - para enfrentar a organizada máquina de guerra germânica, com recurso a uma plataforma de combate que garantia proteção ao movimento dos soldados, tinha poder de fogo e garantia mobilidade no campo de batalha.

O número de carros de combate enviados para França era claramente insuficiente: 49 Mark I, sendo que apenas 32 entraram a 15 de setembro de 1916 na batalha de Flers-Courcelette, uma das muitas da Ofensiva do Somme - e só nove conseguiram chegar a uma terra de ninguém cheia de crateras, lama e arame farpado, tantos eram os problemas técnicos e mecânicos (altas temperaturas, gases tóxicos do combustível, falta de ventilação) que também provocavam grandes estragos entre a própria guarnição.

Mas a importância desse sistema de armas primitivo e pesadão foi de tal ordem que logo em 1917 surgiu a primeira versão construída com uma torre sobre o casco, mais pequena e meia leve: o Renault FT.

O ponto alto do emprego operacional dos carros de combate chegou com a II Guerra Mundial, quando os alemães compensaram a menor blindagem e poder de fogo dos seus Panzers, relativamente aos tanques de guerra franceses, com um diferente modelo organizacional.

Enquanto os carros de combate franceses apoiavam a infantaria e moviam-se à velocidade dos soldados, os alemães fizeram o oposto: criaram unidades blindadas em torno dos tanques, garantindo--lhes a elevada rapidez de movimentos que se tornou celebremente conhecida como Blitzkrieg (guerra-relâmpago). Acresce que, também ao contrário dos gauleses, os nazis concentravam as unidades de lagartas, aumentando significativamente a capacidade de fogo.

"A novidade na II guerra Mundial foi a forma de usar os carros de combate, que garantiu o sucesso aos alemães pela forma brilhante como concebem as unidades e as empregam... a plataforma em si não chega, é preciso uma lógica organizacional que a beneficie e uma doutrina de emprego que a favoreça", explicou um especialista ao DN, sob anonimato por ser militar no ativo e não estar autorizado a falar.

Exemplo disso são os israelitas, que ao contrário dos ocidentais têm uma doutrina de emprego dos carros de combate que lhes permite usá-los em áreas urbanas com segurança, adiantou a fonte.

Um salto tecnológico nos carros de combate ocorreu nos anos 1980, com a introdução dos equipamentos de visão nocturna. Contudo, a grande mudança surgiu com o emprego das câmaras térmicas, cuja influência é equiparável à dos radares no combate aéreo. O uso de computadores e dos lasers para melhorar a pontaria e poder de fogo são outros pontos de evolução, mas haver duas câmaras térmicas independentes permitiram ao chefe do carro e ao apontador verem coisas diferentes e maior rapidez na aquisição dos alvos, assinalou a fonte. (DN)

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