16 de outubro de 2016

Portugal tem "meios" para combater poluição do mar em caso de derrame

Portugal tem os meios "adequados e necessários" para intervir rapidamente no combate à poluição do mar provocado pelo derrame de hidrocarbonetos ou outras substâncias perigosas, garantiu hoje à agência Lusa o secretário de Estado do Ambiente.

"Dispomos dos meios necessários, sobretudo, porque também integramos o espaço europeu, onde existe um conjunto de meios que, embora não estando em território nacional, estão à disposição dos países membros", assegurou o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, à margem do simulacro de combate à poluição no mar que decorreu em Portimão, no Algarve.

O governante garantiu que Portugal "tem contratualizado com entidades europeias, os meios que permitam dar uma resposta eficaz" a um foco de poluição, provocado pelo derrame de hidrocarbonetos e "disporá deles se necessitar".

O exercício "Atlantic POLEX.PT 2016", realizado pela Autoridade Marítima Nacional (AMN), decorreu hoje em vários cenários de combate à poluição do mar, resultante do derrame de crude e de combustível provocado pela "colisão" entre embarcações ao largo e no porto de Portimão.

Coordenado pela Autoridade Marítima Nacional, participaram no simulacro a Protecção Civil, a administração dos Portos de Sines e Algarve, o Zoomarine, a Universidade do Algarve, Força Aérea Portuguesa, a Agência Europeia de Segurança Marítima e a Sociedad de Salvamento y Seguridad Marítima de Espanha.

Na opinião de Carlos Martins, os exercícios realizados "têm permitido testar os meios, quer de prontidão, quer de intervenção, e são indicadores importantes das necessidades operacionais".

"Ao envolverem várias entidades de intervenção, permitem melhorar a coordenação", sublinhou o governante, admitindo que "é no aspecto da coordenação que, muitas vezes, se perde algum tempo na resposta".

Para o secretário de Estado do Ambiente, durante o simulacro em Portimão, "foi possível ver um conjunto de actores bem coordenados, com o funcionamento articulado dos meios e uma resposta eficaz aos diversos cenários".

Por seu turno, o Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Macieira Fragoso, disse à Lusa que o exercício "Atlantic POLEX.PT 2016", destinado a testar todos os níveis previstos no Plano Mar Livre, de combate à poluição, "decorreu conforme o previsto, atingindo os objectivos".

"O exercício que envolveu todos os meios que a Marinha dispõe e os conseguidos através da Agência Europeia de Segurança Marítima, permitiu testar os equipamentos, a organização e coordenação entre todas as entidades com intervenção em situações desta natureza, e correu muito bem", destacou.

O almirante Macieira Fragoso considerou que na costa portuguesa existe "um elevado risco de ocorrer um acidente com derrame de hidrocarbonetos, devido à intensidade de tráfego anual, na ordem dos cerca de 160 mil navios".

"Temos de estar preparados e ter meios de resposta para proteger a nossa costa", frisou Macieira Fragoso, acrescentando que "algumas das medidas de proteção implementadas na Europa resultaram da aprendizagem com acidentes".

"Houve algo que foi conquistado com as lições aprendidas com os grandes acidentes, em particular na nossa zona com o petroleiro 'Prestige' que provocou um derrame de mais de 40 mil toneladas de crude", recordou Macieira Fragoso.

O acidente com o petroleiro 'Prestige' ocorreu em Novembro de 2002, quando o navio com um comprimento de 243 metros sofreu um rombo no casco ao largo do Cabo Finisterra, em Vigo (Espanha), derramando no mar cerca de 40 mil das 77 mil toneladas de crude que transportava.

"Portugal tem meios, mas quando temos grandes acidentes de poluição, nenhum país sozinho consegue fazer face a estes incidentes, existindo actualmente uma cooperação europeia importante", concluiu o Chefe do Estado-Maior da Armada. (NM)

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